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Capítulo 9

Julieta sorriu com sua boquinha aberta:

- Eu também quero purê de batata.

Assim que ela falou, uma voz masculina ressoou:

- Purê de batata chegando!

Rui entrou segurando comida:

- Eu comprei mingau e purê de batata, alimentos bons para o estômago. Você e Julieta comam um pouco.

- Obrigada, Doutor Rui.

Rui acariciou a cabeça de Julieta e disse:

- Julieta, se recupere bem e não deixe sua mãe preocupada.

- Sim, sim!

- Julieta é mesmo uma boa menina.

Aline usou uma colher para pegar o purê de batata e alimentar Julieta.

Rui notou as erupções na mão dela:

- Você está com alergia, não está? Eu comprei uma pomada anti-alérgica na farmácia agora há pouco, passe um pouco depois.

Aline ficou surpresa:

- Obrigada, sempre te dou trabalho quando venho ao hospital.

- Não é trabalho nenhum. Não é fácil para você cuidar de Julieta sozinha, eu só estou dando uma mãozinha, não é nada. Aline, você não precisa carregar tudo sozinha, se precisar, pode me procurar a qualquer momento. Se eu puder ajudar, farei o possível.

Aline sabia que Rui era bondoso, mas não queria se aproveitar da piedade dele.

Ela entendia o que Rui queria dizer, mas não podia retribuir a gentileza dele.

Além disso, havia coisas que Rui não podia ajudar.

Ela já estava atolada na lama e não podia arrastar Rui para o mesmo sofrimento.

Depois que Rui saiu, Julieta, encostada na cama do hospital, surpreendeu com uma observação:

- Mãe, o Doutor Rui gosta de você.

Aline forçou um sorriso, sem muita mudança de humor:

- Crianças não devem falar isso.

- É verdade! Mãe, você ainda pensa no papai como eu?

Aline parou de mexer no purê de batata. Ela baixou os cílios, e uma sombra pequena cobriu seus olhos, dando um ar melancólico:

- Não, agora a mãe gosta mais da Julieta e não pensa mais em ninguém.

Julieta parecia preocupada:

- Mãe, o papai se foi há tantos anos, você não pode desanimar!

Aline riu:

- De onde você tirou essas palavras? Sabe escrevê-las?

- Aprendi com as novelas! Minha madrinha está certa, você precisa namorar mais com homens bonitos para ficar feliz!

Aline beliscou o nariz dela:

- Você não tem medo que eu arranje um novo pai para você?

Julieta ficou séria e disse com uma expressão preocupada:

- Mãe, eu só quero que você seja feliz.

Aline se sentou ao lado da cama e abraçou Julieta:

- Com a Julieta, eu já sou muito feliz.

Julieta suspirou:

- Seria bom se o papai ainda estivesse aqui...

Julieta sempre pensou que seu pai tinha falecido. Quando tinha três anos e perguntava onde estava o pai, Aline dizia que ele estava no céu pilotando uma nave espacial. Aos cinco anos, Aline não conseguiu mais esconder a verdade e disse que seu pai havia morrido de doença.

- Mãe, o papai era mais bonito que o Doutor Rui?

Por que a mãe dela não gostava do Doutor Rui? Ele era uma pessoa tão boa.

A imagem de Mateus apareceu na mente de Aline; aquele homem, mesmo em meio a uma multidão, chamava atenção demais.

Em termos de aparência, Mateus era de fato deslumbrante.

Naquela época, na Universidade Aeminium, havia um ditado: passar em todos os exames e dormir com o gênio Mateus eram as duas grandes felicidades da vida.

- Sim, seu pai era muito bonito.

Julieta ficou orgulhosa e jurou secretamente encontrar um namorado tão bonito quanto o pai para a mãe!

Depois de fazer Julieta dormir, Aline checou o saldo do cartão bancário e calculou quanto dinheiro tinha.

Ela ganhou trinta e cinco mil reais de Mateus naquela noite, e só tinha dez mil reais no cartão. Ela teria que pagar um trimestre de aluguel no final do mês.

A cirurgia de Julieta custaria cem mil, ainda faltavam cerca de setenta mil reais...

Aline ficou num dilema.

Ela até se sentiu grata por Mateus ter lhe dado a chance de ganhar trinta e cinco mil naquela noite e até esperava ter outra oportunidade de beber e ganhar dinheiro.

Afinal, o que importa uma alergia e erupções cutâneas? Com os cem mil, Julieta poderia fazer a cirurgia, e para Aline, Julieta era o mais importante agora.

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