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Capítulo 8

Era tarde da noite, na área de emergência do hospital.

Julieta foi levada para a sala de ressuscitação, e Aline, toda molhada, foi impedida de entrar pela enfermeira:

- Senhora, você não pode entrar!

Aline olhava ansiosamente para dentro, se sentindo completamente impotente, suas mãos tremiam enquanto seguravam as da enfermeira, com uma voz rouca e fraca, ela implorava:

- Por favor, salvem minha filha, eu imploro!

Sua voz estava carregada de soluços.

A enfermeira tentou acalmá-la:

- Vamos fazer o nosso melhor, tente se acalmar.

Aline só pôde concordar, se mantendo tensa o caminho todo, mas agora que havia chegado ao hospital, se sentiu sem forças e se apoiou na parede, descendo lentamente até ficar agachada.

Suas pernas estavam bambas.

O sentimento de quase perder Julieta, quando ela desmaiou em seu ombro, era como se o mundo inteiro estivesse desmoronando, uma escuridão sem fim.

Ela estava tremendo.

Ela sentiu algo parecido seis anos atrás, quando Mateus terminou tudo com ela na prisão.

Até respirar doía.

Quando as pessoas estão extremamente tristes, elas ficam entorpecidas. Quando tentou se levantar, se apoiando na parede, suas pernas pareciam estar presas em um pântano, incapazes de se erguer.

Uma mão forte segurou seu braço:

- Cuidado.

Aline levantou os olhos vermelhos:

- Doutor Rui?

Era Rui Mendes, médico do departamento respiratório do Hospital Aeminium. Três anos atrás, quando Julieta teve febre alta, foi ele quem a tratou.

Rui sabia que Aline era uma mãe solteira e tinha dificuldades, então ele sempre mostrou um cuidado especial por elas. Com o tempo, se tornaram amigos.

- Acabei de ver Julieta sendo levada para lá, o que aconteceu?

- Quando cheguei em casa, Julieta estava pálida e com dificuldade para respirar, eu não sabia o que estava acontecendo... ela disse que estava se sentindo mal...

- Não se preocupe, deve ficar tudo bem, é provavelmente o mesmo problema de antes. Eu já tinha pedido para você trazer a Julieta aqui para fazer a cirurgia de fechamento do ducto arterial, por que você demorou tanto?

Julieta tinha uma doença cardíaca congênita, mas era apenas uma persistência do ducto arterial, que poderia ser corrigida com uma cirurgia simples. Com algum repouso após a cirurgia, ela poderia viver como uma criança normal. Não era uma doença grave, mas Aline continuou adiando.

Aline se sentia constrangida:

- Eu... eu estava com medo.

Ela abaixou a cabeça, suas mãos apertadas ficaram brancas.

Julieta era tudo para ela, e quando alguém coloca tudo em uma só pessoa, tem medo de arriscar.

Ela tinha muito medo de perder.

Por outro lado, ela também não tinha juntado dinheiro suficiente para a cirurgia.

Rui deu um tapinha em seu ombro, tentando tranquilizá-la:

- Não é uma doença grave, não se preocupe. Muitas crianças têm o ducto arterial persistente e vivem a vida toda sem fazer cirurgia e não têm problemas. Mas agora que a Julieta está com sintomas, é melhor fazer a cirurgia logo.

Aline concordou firmemente:

- Sim, desta vez faremos.

Meia hora depois, Julieta foi levada para fora.

Aline correu até lá:

- Doutor, como está minha filha?

- Ela está bem agora, mas ela tem um problema de persistência do ducto arterial, você sabia disso?

- Sim, eu sabia.

- Converse com seu marido e decidam se vão fazer a cirurgia na sua filha. Agora que ela está estável, não é um caso de emergência que precise de atendimento imediato. Vocês podem pensar juntos sobre a necessidade da cirurgia. Quanto mais jovem a criança, melhor a recuperação após o procedimento.

Quando mencionou o marido...

O rosto de Aline ficou ainda mais sombrio, mas ela não disse nada, apenas concordou:

- Tudo bem.

Julieta foi levada para um quarto comum para receber soro.

Na madrugada, a criança acordou.

- Mãe...

Aline perguntou gentilmente:

- Está com fome? Quer comer algo? Mãe vai comprar.

Julieta se apoiou no travesseiro, olhando para Aline e balançou a cabeça:

- Mãe, estou doente?

- O médico disse que logo você ficará bem. Julieta não queria tirar férias? Vou pedir licença para você na escola, vamos descansar no hospital e não ir à escola por alguns dias, tudo bem?

- Tudo bem. Mãe, eu nem perguntei ainda, por que você está com cheiro de álcool? Você bebeu?

Aline, não querendo preocupá-la, tocou em sua cabeça e disse:

- Mãe estava jantando com colegas de Rede Televisiva e bebeu um pouco, mas está tudo bem. Quando você melhorar, mãe vai te levar para comer no KFC, ok? Você sempre quis comer frango frito, não é?

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