O som estava mais alto do que o normal. A comunidade extremamente movimentada naquele dia. Malu e Bella conversavam com as pessoas que permitiam que elas se aproximassem. Alguns meninos só demonstravam interesse para tentar seduzir as jovens. Não disfarçavam os olhares sem pudor.
Isabella observa Roger; o rapaz que parecia ter uma boa condição. Ele estava com o semblante abatido, sem falar nos olhos arroxeados.
- Eu já volto. – Deixou Malu conversando com uma senhora e se aproximou do rapaz. - Roger ? – Se assenta ao lado dele.
- Em carne e osso. – Dá de ombros.
- Tentei falar com você essa semana. – Diz cautelosa.
- Eu sei... - Coça os olhos - Não me leve a mal, essa é a vida que eu tenho escolhido todos os dias e não me vejo preparado pra largar, eu não consigo. - Parece ser sincero.
- Eu entendo. - Coloca a mão em seu ombro - Mas isso não o impede de aceitar meu convite de ir ao culto.
- Tudo bem, eu vou pensar nisso. - Se levanta - Agora tenho que ir.
Bella retorna para onde Malu se encontra com uma expressão temerosa.
- O que foi? – Estranhou. – Está ficando pálida!
- Estou com medo - Cochicha no ouvido da amiga.
- Medo? Porquê? – Pergunta confusa. – Aconteceu alguma coisa?
- Tem um cara armado que não tira os olhos de você. – Bela faz menção em virar-se, no entanto a amiga impede. – Disfarça, por favor! - Repreende.
Disfarçadamente, a jovem escrutina o local onde ela disse que o rapaz estava observando.
- Não tem ninguém ali. - A puxa. - Deve ter sido impressão, vamos !
Fazia exatamente uma hora que evangelizavam debaixo do sol escaldante.
- Sinto que estou derretendo. – Malu reclama se abanando com uma folha.
- Eu também. – Bella prende os cabelos em um coque frouxo. - Vamos fazer uma parada? Tomar um suco.
- Ótima ideia.
As jovens entram no pequeno bar que estava lotado por sinal.
- O que vão querer? - Uma senhora simpática pergunta.
- Um suco de laranja. - Malu responde prontamente.
Bella, como uma boa libriana torceu o lábio indecisa.
- Pode me dizer se aqui tem algum banheiro? - Malu pergunta a senhora.
- Tem sim, ali do lado. - Aponta a esquerda.
- Obrigada! - Sorri - Já volto Bella! - Se retira.
- Eu vou querer um guaraná. – Bateu a ponta do dedo levemente no balcão.
A atendente rapidamente colocou a latinha e um canudo no balcão.
Bela começou a beber o refrigerante gelado que descia rasgando pela sua garganta, quando alguém segurou fortemente seu braço, fazendo-a derrubar o líquido em sua camiseta branca. Não conseguiu ver o rosto, porque foi arrastada no meio das pessoas para fora do lugar.
Fora do montinho que havia no bar, ergueu a cabeça e encarou Allan. Enraivecida passou a mão pela blusa novinha com uma mancha enorme.
- Só podia ser o tosco do "Dono do morro". – Fez aspas ao dizer sem pensar.
- Fica sussa mina. – Sorriu achando graça.
Ela ficava linda braba.
- Olha o que você fez? - Aponta irritada para a blusa molhada.
- Assim dá pra ter uma visão responsa. - Morde o lábio inferior.
Ela respirava fundo tentando encontrar um pingo de paciência que fosse. O rapaz parecia roubar sua sanidade.
- O que quer? - Trincou a mandíbula, fuzilando-o com os olhos.
- Sobe na moto! - Diz sério apontando para o veículo.
- E porque eu faria isso? - Arqueia a sobrancelha.
- Porque... - Se aproxima dela, ficando perto demais. Ela podia sentir o hálito quente dele contra sua pele - Eu estou mandando. - Completa.
- Sinto dizer, mas você... - Ele pega Isabella no colo e sem permissão a coloca sentada na moto. Faz com que ela agarre sua cintura e parte para o alto do morro com velocidade.
[..]
- Vai continuar com essa tromba? – Lhe guia até uma bela vista. O lugar é alto demais. Assustada, fecha os olhos. - Que foi ? - Passa a mão em seu pescoço e chega nos cabelos, soltando os fios presos. - Você é linda!
O coração dela parece querer sair pela boca. Permanece imóvel com os olhos fechados, enquanto ele se aproxima mais e mais...e cheira o cabelo dela. Todo corpo da jovem se estremece. Seu impulso foi de se afastar.
- Eu tenho que voltar, minha amiga deve estar preocupada. - Se atrapalha um pouco com as palavras.
- Não é isso que tu quer. – Allan torna a segurar o rosto da jovem, olhando diretamente os lábios carnudos e rosados que ansiava tomar para si.
- Você não pode saber o que eu quero. – Bella diz firme.
- Não precisa admitir. Seus olhos denunciam. - Diz rouco. – É notável que uma grande conexão existe entre nós.
O rosto deles ficam próximos.
A menina trêmula sem pensar acabou dando uma joelhada no meio das pernas de Allan. Ele se afastou no mesmo segundo com uma expressão de dor e fúria.
- Desculpa, mas não vi outro jeito de...
- Fuleragem... - Trinca os dentes - Se liga na fita ruivinha, tu me paga.
Sem pensar duas vezes a jovem sai do alto do morro correndo.
[..]
Na entrada da comunidade encontrou Malu e Cris com expressões preocupadas. Ela corre até eles de forma ofegante e desajeitada.
- Bella. - O irmão a abraça - Onde estava?
- Fiquei preocupada amiga. - Malu a encara seria.
- Eu me distraí. – Dá de ombros.
- Vem com a gente Malu? – Cris pergunta a amiga da irmã.
- Vou sim Cris. – Sorriu.
Bella foi diretamente para o quarto assim que chegou em casa.
- Porque meu Deus? Porque ele não sai da minha mente. – Se pergunta repetidas vezes.
Eles eram de mundos e convicções diferentes. Depois do banho, ela vagarosamente desceu as escadas. Reparou o clima agradável que pairava na sala. Observou o irmão e a melhor amiga; como gostaria que Cris tivesse sentimentos recíprocos ao de Malu.
A jovem se junta a eles no sofá e juntos assistem filme.
A luz do sol adentrava: iluminando o quarto. Bella levantou preguiçosamente e iniciou sua higiene matinal. O céu estava límpido. Fazia uma bela manhã de domingo. - Bom dia. – Entrou na cozinha. - Diego ligou, a evangelização começa mais cedo e termina quase umas cinco horas. - Cris avisa assim que vê sua irmã apontar. - Ok. – Encolheu os ombros desanimada.- Aconteceu alguma coisa? – O pai perguntou analisando-a. - Não, só estou com sono ainda. – Omitiu. Sentou-se na mesa, puxando a caixa de cereal. - Por um segundo pensei que você tivesse encontrado... – Não completa a frase. O pai se referia ao criminoso. - Não encontrei ninguém. – Pôs uma colher cheia da refeição na boca. - Querida, come devagar. – A mãe repreendeu. O resto da manhã passou em silêncio. Cada um em seus afazeres. Bella se arrumava para mais um dia de evangeli
A razão e o coração da jovem diziam coisas distintas. Encontrava-se em uma batalha interna. Recebia o beijo cheio de intensidade e paixão. Mesmo não sendo experiente permitiu-se saborear aquele momento. Rodeou o pescoço de Allan com os braços, e sentiu apertar de modo possessivo sua cintura. O rapaz apressadinho escorregou a mão propositalmente. Tal ato fez Bella reagir de maneira impulsiva: empurrou-o bruscamente. - Isso não podia acontecer... - Um nó se formava em sua garganta. - Foi um erro desastroso. Aquele fora seu primeiro beijo. Apesar de ter gostado, seus princípios cristãos a fazia se sentir errada.- Está me dizendo que meu beijo é um desastre? – A fita desacreditado."Não... É maravilhoso!” – Ela pensou, no entanto emitiu o contrário. – Sim. – Deu de ombros. – Esqueça... faça de conta que esse beijo nunca aconteceu. – Suas palavras saíam com firmeza. - Ok. Já tive beijos melhores. – N
O clima agradável; o sol morno aquecia de leve. Daquela forma uma nova semana iniciava-se. Bella e Cris faziam o trajeto de rotina. - Vamos no cinema hoje? – A ruiva com os cabelos estonteantes o encara. – Por favor!!!- Não resisto a seus pedidos malinha. – Balançou a cabeça positivamente. Ela beija a bochecha do irmão e retira-se do veículo. Se encaminha para a sala. O grupinho de sua algoz já se encontrava no local. A jovem assenta-se e fica rabiscando algo sem importância na mesa. - Santinha!! - A voz enjoada de Paty soou. Bella não faz questão de se virar. Ignorou a menina evitando discussão naquele momento. O professor de artes entrou na sala. Passou uma atividade com tema livre. A jovem encarou a folha ofício sem saber por onde começar. Allan não deixava de habitar seus pensamentos. Desde que o conheceu, algo dentro d
" O amor NÃO escolhe hora ou lugar. Não escolhe cor, profissão ou religião. Ele escolhe corações.”Bella tirava o pouco juízo que o marginal possuía. Os lábios aveludados dela não saíam de seus pensamentos.Minutos antes de estar no bairro de alto escalão, se encontrava na comunidade.- Tá ligado mano? - Repolho abanou as mãos.- Em que? - O olhava entediado.- No bagulho pô, o Ratazana não tá pagando. – Explicava ao amigo que parecia estar no mundo das nuvens.- Tá de brincadeira né mano? Tô me lixando pra esse mané. - Deu um gole na cerveja.- Se liga chefe, ele tá de fuleram com a gente. - Repolho insiste.- Dá um tempo pra ele, se nã
O trânsito na segunda-feira de outono estava caótico. Tal demora no trajeto fez com que Bella chegasse ao colégio um tanto quanto atrasada.A jovem caminhou em direção a sala, emitiu leves batidas na porta: que logo foi aberta.- Licença. – Emitiu um sorriso simpático em direção ao professor de artes.- Entra Isabella. - Abriu espaço.Durante a aula, o professor elogia o trabalho dos alunos. Destaca o desenho de Bella que pareceu tão realista, como se tivesse feito olhos reais pela intensidade concentrada nas linhas.No intervalo passou um tempo conhecendo mais Luana. Percebeu que a jovem não era tão tímida quanto aparentava.- A santinha fez amiga. - Paty fica na frente de Bella com a mão pousada na cintura.- O que quer? – A ruiva pergunta exasperada
Algumas horas depois, Bella retorna a sua casa. Na sala de estar, a família Lira espera sua chegada de modo sério: Insatisfeitos com a desfeita que a jovem havia feito.- Onde estava? – O pai encarou a filha com desagrado estampado no semblante carrancudo.- Esfriando a cabeça. – Ameaçou ir para o quarto, porém foi interrompida.- Como sai sem avisar? – Indaga sem paciência. - A namorada do seu irmão vai achar que não é bem vinda nesta casa.- Não me importa nenhum pouco. – Rebateu. – Da minha parte ela não é, e nunca será bem vinda.- Vá para o seu quarto Isabella, e pense bem nas suas atitudes. – A mãe se manifestou.A jovem meneia a cabeça levemente. Vira-se e sobe o lance de escadas em direção ao
Algumas horas depois, Bella retorna a sua casa. Na sala de estar, a família Lira espera sua chegada de modo sério: Insatisfeitos com a desfeita que a jovem havia feito.- Onde estava? – O pai encarou a filha com desagrado estampado no semblante carrancudo.- Esfriando a cabeça. – Ameaçou ir para o quarto, porém foi interrompida.- Como sai sem avisar? – Indaga sem paciência. - A namorada do seu irmão vai achar que não é bem vinda nesta casa.- Não me importa nenhum pouco. – Rebateu. – Da minha parte ela não é, e nunca será bem vinda.- Vá para o seu quarto Isabella, e pense bem nas suas atitudes. – A mãe se manifestou.A jovem meneia a cabeça levemente. Vira-se e sobe o lance de escadas em direção ao
Allan, percebendo ser encarado por Bella, beija Lorena como se quisesse engoli-la de tanta voracidade. A mão dele passa por toda extensão do corpo da morena, que arfa de desejo. Tal cena embrulha o estômago de Bella. - Vamos sair daqui ... - Malu puxa a amiga para longe dali. - Você está prendendo choro? - Ryan encara a ruiva confuso. - Eu... – Suspira. - É uma longa história. – Se sentia uma grande e completa idiota. Ela não sabia explicar bem o que se passava dentro dela. Ciúmes? Visível. No entanto, vivia a se repreender repetindo diversas vezes a mesma frase: “ eu não posso gostar dele”.Os jovens continuavam o trajeto. - Oi. – Bella cumprimenta a senhora que lhe ofereceu água há umas semanas atrás. - Olá. - Sorri. – Aceitam um suco? – Pergunta gentil. Era costumeiro Dona Joana oferecer algo para quem se deslocava até a comunidade para fazer o bem.