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Capítulo 5

Eu, junto a uma pilha de suplementos alimentares, estava sentada no banco de trás, pensando profundamente antes de dar instruções a Montes:

- Montes, vá até a agência de serviços domésticos e contrate algumas empregadas confiáveis, aquelas que cozinham especialmente bem. De preferência, com qualificação de nutricionista.

- Certo, senhora. - Respondeu Montes.

Depois de me casar com Carlos, os pais de ambos sugeriram contratar alguns empregados para limpar a casa, cuidar do jardim e cozinhar. No entanto, eu, que estava doente de amor, recusei.

Eu sentia que ter mais alguém no nosso “ninho de amor" seria incômodo e atrapalharia nossos momentos de intimidade, como transar da sala até a cozinha, por exemplo.

O resultado foi previsível, eu vivia como uma viúva, mesmo não sendo uma.

Agora que renasci, não devia mais ter esses sonhos tolos e confusos.

De volta para casa, eu andava na frente carregando minha bolsa de marca, enquanto Montes segurava a pilha de suplementos alimentares atrás de mim. Assim que abri a porta, Carlos desceu as escadas, arrumando as mangas da camisa casualmente. Seus movimentos despreocupados eram encantadores.

Eu coloquei a bolsa na mesa e dei a instrução a Montes:

- Montes, você pode ir agora.

Montes colocou os suplementos na mesa e então se curvou respeitosamente para Carlos antes de sair apressadamente.

Carlos não se importou com a pilha de coisas que eu trouxe, apenas me informou com indiferença:

- Daqui a uma hora teremos um evento, seus pais também estarão presentes. Vá se preparar, você vai comigo.

Ele nunca gostou de me levar a nenhum evento, a menos que eu fosse útil de alguma forma, como quando meus pais estavam presentes.

Depois de renascer, eu ainda não tive coragem de visitar meus pais. Não era por falta de respeito, mas por causa dos eventos da minha vida anterior, me sentia culpada e um pouco receosa em reencontrar eles.

- Ah, ok. – Respondi e me levantei, indo para o segundo andar.

Nas últimas duas semanas, não tive descanso. Comprei um novo lote de roupas que eram completamente diferentes das antigas, tanto em estilo quanto em corte.

Escolhi um vestido vermelho curto, com decote em V na parte superior e uma camada fina de tule costurada, revelando um pouco, mas não tudo. A saia era em formato de cauda de peixe, mostrando minhas pernas finas e retas.

Embora eu fosse magra demais, não podia negar que tinha pele bem preservada e uma altura de 1,68m. Estava me sentindo bem comigo mesma.

Quanto àquele tipo de aparência inocente que Celeste tinha... Não combinava comigo. Afinal, eu não tinha mais 20 anos.

Depois de me maquiar, coloquei um par de brincos de cristal e um colar combinando. Com a luz certa, poderia cegar os outros. Antes eu era mais contida, mas agora passei a ser bem extravagante.

Carlos estava esperando por mim lá embaixo, falando ao telefone. Quando ouviu o som da minha descida, ele não reagiu, nem mesmo olhou para mim. Eu não me importei e fui sozinha para o carro.

Alguns minutos depois, Carlos saiu e, desde que entrou no carro até partirmos, ele não olhou para mim nem por um segundo.

Durante todo o trajeto, não trocamos uma única palavra.

Ele dirigia seu carro, eu brincava com o meu celular, enquanto enviava mensagens para Giuseppe pelo WhatsApp, perguntando como ele estava.

Eu: "Pepe, se você não se acostumar com a comida da cantina do hospital, posso mandar comida para você."

Giuseppe: "Não precisa, moça, eu consigo comer."

Eu: "Esqueci de comprar suplementos para você hoje, amanhã então, vou te visitar e levar alguns."

Giuseppe: "Você não precisa ser tão gentil!"

Eu: "Não é gentileza, é porque eu te machuquei e te fiz ficar no hospital, não se sinta envergonhado, se precisar de algo, me avise diretamente."

As condições financeiras de Giuseppe e Celeste eram parecidas. Diante de Celeste, Carlos era um rico e bonito príncipe encantado, então eu também poderia me tornar uma mulher rica e bonita diante de Giuseppe.

Pensando bem, estávamos bastante equilibrados, e senti uma sutil sensação de equilíbrio.

O sinal ficou vermelho à frente, o carro parou e Carlos finalmente mexeu o pescoço, olhando de soslaio para mim. Ele percebeu tardiamente que eu estava diferente hoje, mas ainda não conseguia elogiar:

- Este vestido é um desperdício em você.

Realmente, aquelas cenas de dramas em que a protagonista mudava o estilo e surpreendia o protagonista eram falsas.

Eu coloquei o celular de lado e apoiei minha mão nos seios, perguntando:

- É mesmo?

Esse gesto ousado fez Carlos franzir o rosto novamente. Ele disse friamente:

- Samantha, você poderia prestar atenção nas suas palavras e ações?

- Por quê? - Perguntei em resposta.

Eu já tinha prestado atenção por tantos anos, adiantou de alguma coisa? As pessoas que já morreram uma vez tendiam a ser mais desapegadas. Em vez de me restringir, preferia me libertar.

- Não se esqueça de sua identidade. - Disse Carlos, em um tom rude.

Ele não me tratava como uma esposa, mas exigia que eu me controlasse com base nessa identidade.

Eu virei a cabeça e olhei para a paisagem lá fora, sem vontade de falar. Se fosse antes, eu ficaria extremamente feliz se Carlos me dirigisse algumas palavras e procuraria vários assuntos para evitar o fim da conversa.

Chegamos ao local da recepção. Eu e Carlos agimos como um casal superficial por um tempo e, depois de trocar algumas palavras com alguns parceiros de negócios conhecidos, encontrei um lugar para me sentar e descansar sozinha.

Infelizmente, uma jovem mulher se sentou ao meu lado, e ao olhar mais de perto, parecia a mesma garota que ficou em alta nas notícias por ter aberto um quarto no hotel com Carlos recentemente.

- Tati, por que você está sentada aqui sozinha? - Outra mulher se aproximou e perguntou à garota, que era de fato a atriz Tatiane Siqueira.

- Estou descansando aqui, Luh, você também pode se sentar comigo um pouco. - A voz de Tatiane era extremamente doce.

Eu percebi que Carlos parecia gostar de mulheres com vozes agradáveis, assim como Celeste e todas as mulheres com quem ele teve rumores no passado.

As duas começaram a conversar ao meu lado, parecendo não notar minha presença.

Luana Castro continuou brincando com Tatiane:

- Onde está o seu Sr. Carlos? Você não vai cumprimentá-lo?

- Não fale besteiras, que raios de meu Sr. Carlos? O Sr. Carlos tem uma esposa. - Tatiane respondeu, um pouco irritada.

- A esposa dele não é vista há séculos, é como se não existisse. Todo mundo sabe que você tem estado próxima dele ultimamente. Ouvi dizer que ele comprou uma casa para você. - Luana estava cheia de inveja.

- Bem, ele é bastante generoso comigo. - Tatiane se gabava em suas palavras e expressões. - Eu nem sei por que ele é tão bom comigo. Eu me considero sortuda por conhecê-lo.

Carlos era generoso com todas, exceto comigo, sua esposa praticamente fictícia.

Cada mulher que teve rumores com ele, depois de terminarem, só tinha elogios a seu respeito. Esse era o encanto do dinheiro.

Nesse momento, meus pais se aproximaram e, ao me verem sozinha, perguntaram:

- Samy, onde está o Carlos? Por que ele não está com você?

Ao ouvirem o nome de Carlos, Tatiane e Luana imediatamente viraram a cabeça para me olhar, suas expressões com certeza estavam bem interessantes.

Eu me levantei e segurei o braço da minha mãe, fazendo manha:

- Qual é o sentido de ficar com ele? É apenas conversar sobre negócios com um grupo de pessoas. É mais divertido conversar com vocês dois.

Minha mãe me olhou surpresa, fazia anos desde a última vez que fiz manha com ela.

- Vocês duas conversem, vou encontrar o seu Pereira e os outros. - Meu pai, um homem não muito sensível, nem percebeu minha mudança, e foi alegremente encontrar seus velhos amigos.

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